quarta-feira, 29 de maio de 2019

Hoje,mais um dia para ler estórias reais sobre como decidi me tornar um escritor e meu passado.A seguir,uma estória de quando ainda escrevia ficção,é chamada,O caminhão fantasma...


O CAMINHÃO FANTASMA




O caminhão Chevrolet estava parado estacionado na velha garagem da casa abandonada.Ninguém jamais ia la.A casa começava a se tornar um verdadeiro viveiro de pulgas.O mato crescia alto, como numa espécie de maldição, e o terreno era sempre o esconderijo provisório de ladrões e assaltantes.Era como vudu o que, naquele entardecer, estava para acontecer.Uma revoada de urubús, passou num vôo rasante, pela rua enquanto a pequena cidadezinha se via pacatamente sendo pouco a pouco engolida pelas sombras da noite.Naquela que era, a área rural da cidade, um sapo atravessou a rua sem medo de morrer atropelado, uma vez que, naquele fim de mundo, pela estrada de pó, somente os trabalhadores que iam e vinham do trabalho nas plantações de milho, os homens do subúrbio que iam passando poderiam pedir por ajuda caso algo acontecesse.O caminhão Chevrolet que agora vivo, jazia parado na garagem da casa, aquela noite, acendeu seus faróis, sem ninguém ao volante, e manobrando perfeitamente para fora da casa abandonada, se foi diabólicamente noite afora.Em Chapinhal era meia-noite.A cidade agora dormia, num crepúsculo tão intenso, que assustaria o próprio demônio.Mas não havia tempo para se viver.Na delegacia da comarca de Chapinhal, os pms estavam de vigília. A qualquer momento havia o risco de que acontecesse algum roubo ou assassinato.Mesmo assim o território que fazia parte da área rural da cidade quase não recebia nenhum chamado.A polícia, a não ser por uma ou outra briga de bar, até então, não recebia nenhum chamado.que poderia ser considerado de alguma importância.Chapinhal se mostrava uma típica cidadezinha de estradas de pó e casebres de madeira, uma típica cidade do interior, quieta e pacífica.Macabramente, em uma rua qualquer daquela área da cidade, o rabecão do IML ia indo pela estrada, como que prevendo a morte de algum cidadão, que por alguma razao, viera a morrer, vítima da assustadora mão da morte.De acordo com a lenda, numa noite, á muito tempo atrás, ela veio levar o senhor Monsterscal embora para o inferno, para comungar com aqueles que, em vida, cometeram os mais variados tipos de crimes como estava escrito.E quis Deus que, aquela noite, no bambuzal, o respeitável senhor desse cabo de sua vida, se enforcando nos fundos da casa.Porquê ele veio a fazer isso, ninguém sabe. Mas eles sabiam que esse mundo, ás vezes se mostra tão ou mais selvagem, que a própria mente do professor, que na noite do suicídio, estava guardando um segredo, tão ou mais macabro.que sua própria morte.á muito tempo atrás. Um segredo que lhe custou a própria vida.
O rabecão do IML ia indo pela estrada, após mais um dia de trabalho na cidade, para chegar ao fim da rua e ir embora, por não ter nenhum caso a atender.Depois de um ridículo chamado de um pestinha, que ligara dizendo que sua mãe tinha morrido. -Droga!-exclamou o motorista do rabecão, depois da piada. - esses pestinhas não tem mais o que fazer? -Calma - disse o papa-defunto, com um note-book em seu colo, enquanto digitava o relatório daquela noite. - pense que, ao menos, nós não vamos ter que despender o dinheiro da gasolina, que gastamos vindo ate aqui.O IML que vá para o inferno. O papa-defunto acabou de digitar, no relatório, que o chamado do pestinha tinha sido um trote, para depois fechar o aparelho e guardá-lo. Ele estava certo. O problema era do governo.Eles nada tinham á ver com aquilo. Logo o automóvel atravessou a rua, indo direto - rumo ao posto do IML.aonde eles entregariam mais um relatório sobre a morte na cidadezinha. Uma grande piada - uma simples piada. Uma palhaçada. Um comescó. Do topo do morro, ecoou o distante uivo de um lobo, que estava tristemente uivando para a lua.O motorista do rabecão e o papa-defuntos seguiam em silêncio, rua abaixo, rumo ao morro do Hitchcock. aonde ficava o tenebroso posto do IML, o Instituto Medico Legal. Na cidade era noite.Por hoje, as atividades estavam encerradas. Ninguém pôde ver, quando um caminhão Chevrolet D-60,cruzou a cidade, caçando o rabecão, para em seguida, bater de frente contra o mesmo num grave acidente. -CUIDADO!- gritou o papa-defunto ao motorista, tarde demais para evitar o forte baque, que amassou o veículo num maquiavélico acidente.que deixou o papa-defunto e o motorista em estado de coma, .inconscientes, para o caminhão, depois com o capô completamente amassado, desamassar a si mesmo, sozinho, manobrar e ir embora em alta velocidade, como se nada nunca tivesse acontecido.
Mas - o que realmente era aquele veículo? Um monstro, alguma espécie de criatura? Para ter desamassado sozinho , após a batida,e ter fugido naquela velocidade? Ninguém pôde ver, quando o caminhão se foi - misteriosamente sozinho, sem ninguém no volante, naquela estranha noite de desespero.na pacata cidadezinha. O que era aquilo? Obra de Deus? Truque do diabo? Ninguém sabia. Era um mistério. Desacordados, o motorista do rabecão e o papa-defuntos, que seguia com ele, não haviam morrido, e recobraram os
sentidos algumas horas depois do acidente. Após depoimentos, ambos afirmaram que o caminhão Chevrolet havia colidido com o rabecão, na contramão da estrada que dava para o morro do Hitchcock, no caminho para o IML.onde iriam fechar tudo e ir para suas casas após mais um dia de trabalho. Após o acidente, ambos foram liberados, e a polícia acionada para o mais rápido possível, capturar o motorista do caminhão, que sumira na noite em alta velocidade. - Foi terrível!- exclamou o papa-defuntos sem escoriações após sair de alta do hospital. - Esse louco deve ser
capturado imediatamente! - As buscas seguiram pela noite afora, sem sucesso. Quem estava no volante do caminhão? Ninguém sabia. Apesar das varreduras da
central de inteligência da polícia, nada ficou claro. Era um mistério como, um veículo na
contramão pudesse sair intacto de tal acidente. Após um impacto tão forte? Apesar das buscas, nada foi encontrado. Logo, o caso foi arquivado, apesar da polícia
continuar no rastro do culpado.Enquanto isso, o caminhão Chevrolet, que havia
colidido violentamente contra o rabecão, agora se encontrava estacionado na mesma casa abandonada, cheia de ratos e escombros, como se nunca tivesse saído de lá.Não havia ninguém lá. O caminhão jazia na garagem, novamente intacto, como se nunca tivesse sofrido um único arranhão.O culpado jamais seria encontrado. Simplesmente não havia
culpado.O caminhão estava vivo.O sentimento ancestral do medo, vem pela estrada de pó, de onde o rabecão vinha e pega o õnibus, um fantasma, uma alma
penada, que vive como uma assombração, que vaga pelo mundo, espalhando através de suas criações, os duendes e gnomos que assombram o
mundo, induzindo a humanidade a cometer atos de insanidade e os enchendo de histórias enganosas e truculentas, levando-a a perpetrar loucuras e a acreditar que existe um grande complô,contra ela, e que devido a isso, algo que acreditam ser certo, deve ser feito, mesmo que esse algo os leve ao assassinato, Mas aquilo no
caminhão não era um fanático.Era o próprio mal em pessoa.A máquina, que um dia fora
apenas um engenho, criado pelo cérebro do homem, agora via-se, fio por fio, vela por vela, peça por peça, dominado por forças
malígnas, que um dia remeteram
ao próprio diabo, nada mais do que mais uma das milhares de invenções de Deus. assim como os seres humanos, nada mais do que criaturas mundanas e frágeis, desprovidos de qualquer beleza, como formigas que acham que podem tudo, e que se acham os reis de tudo.Uma máquina possuída por uma força superior.
Era assustador.Só restava uma pergunta - o
veículo estava possuído, mas por que força? Ou pelo quê? Era uma boa pergunta.
Na TV, no canal da Igreja Mundial, o pastor Hamerman ria, após abençoar uma mulher, que viera á Igreja para anunciar que seu poodle, havia sarado depois de ter caído
doente.
-Aleluia!-exclamou o povo em coro, para depois aplaudir a mulher da alta sociedade que ria.Era ridículo.A manhã na vila Funny se mostrava quieta e tranquíla. Pela
estrada de pó,onde ficava o ponto do ônibus que cruzava o bairro, ia até a área pobre da cidade e voltava, ia tudo bem.A
nuvem de poeira da estrada de pó, cobria boa parte da rua, e o bairro preguiçosamente se acordava para mais um dia.Havia pouca gente na rua, e não havia grande barulho pelas redondezas. Apenas um rumor distante - o ruído da
cidade.Ninguém notou que o caminhão Chevrolet, que vinha vindo pela poeirenta
estrada, naquele dia quente de verão, não era nada mais do que uma máquina, e que
fantasmagóricamente, rodava estrada afora, sozinho.Nada mais do que um momento de atenção, uma olhada seria o
suficiente, para ver que o velho caminhão Chevrolet, que seguia pela rua, sozinho, era nada mais do que uma máquina - possuída
pelo demônio - sem ninguém ao volante.
O dia transcorreu sem problemas e eis que novamente era noite.Um vento frio começou a soprar pela área rural da
cidade.O caminhãao fantasma ia manobrando até estacionar na garagem da casa abandonada, após ter cruzado a
cidade, numa cavalgada de reconhecimento, mas o veículo não era uma máquina, e sim, agora, uma espécie de
criatura, que pensava e matava, um animal mudo e violento, que um dia fora, um
simples caminhão Chevrolet, que criou vida, e que naquele dia de calor, atropelara um cachorro poodle, e o devorara, com o capô
que abria e fechava, como uma boca, metálica e cheia de presas, que um dia fora a dianteira do veículo, e que agora, tendo sua fome saciada, se encontrava curiosamente estacionada na garagem da casa abandonada.E eis que naquela noite, o caminhão descansou, após ter tido sua fome saciada com a carne de uma pequena criatura que serviu para forrar seu
estômago.O capô do caminhão, agora jazia molhado do pegajoso sangue e tripas da
criatura que um dia, fora, nada mais do que um bicho de estimação. O caminhão comera o cachorro. Como explicar isso?
A resposta era assustadora.
Para não dizer nojenta...
Enquanto isso, no canal Mercosul, num programa da Igreja Mundial, o pastor
Hamerman, profetizava a palavra de Deus. ' tem gente que se rejubila, apenas por ter olhos verdes por exemplo '. O pastor riu.'Outro dia um homem veio até mim, dizendo que queria se filiar á igreja, Era um homem de cabelo loiro, e olhos azuis.e sabe o que aconteceu? ' - exclamava o pastor de mãos grandes, entroncado, para dar uma risadinha. ' Uma de nossas testemunhas, uma moça de seus 24 anos,
toda engomadinha, logo se abriu.E sabe o que ela disse?'Nossa, o senhor é alemão , não?'. ' Sou.' respondeu ele.O pastor virou-se após um instante, para exclamar - ' MAS EU NÃO SOU! ' - conclamou ele.- ' EU SOU NEGRO!!!!!'. A multidão de fiéis calou-se. O
pastor estava bravo.E exaltado.
' E FOI ENTÃO QUE EU DISSE - A SENHORITA ESTÁ DESPEDIDA, PORQUÊ ENTRE O CÉU E A TERRA SOMOS NÓS E O CARA LÁ DE
CIMA.ALELUIA! '
O programa que era transmitido aos quatro cantos do mundo, ecoava na televisão da
casa ao lado, da casa abandonada, em que jazia o Chevrolet d-60 estacionado.Seus faróis piscaram dando sinal de vida.Uma risada fantasmagórica ecoou dos fundos
da casa.O caminhão estava vivo.Era mais uma noite na cidadezinha.O pastor Wawt colocou seu paletó e se despediu dos estúdios da rede Conglomerado, após mais
um dia de trabalho.-Por enquanto e só.- exclamou ele, se despedindo enquanto
deixava a capela. Era uma noite fria, e tudo o que ele queria era voltar para casa. Mas, ao chegar no ponto do ônibus, foi pego de
surpresa por algo que ele pôde discernir como um caminhão. Era o Chevrolet d-60.
- Ei, mas o que é isso? '-exclamou ele antes de ser atropelado.Não havia mais ninguém na rua.O caminhão se foi, em alta
velocidade. Era o caminhão fantasma.

-'Estamos aqui hoje, para nos despedirmos do pastor Hamerman, que foi-se na última
meia-noite, desta para uma melhor. - exclamou o padre Smith, que presidia o funeral, que era realizado na Great Chappel of our Lady of Ex Libris. Foi quando em plena luz do dia, o vulto do caminhão fantasma, passou rugindo o motor, em alta-velocidade.
- É o caminhão fantasma! - exclamou o policial que fazia a ronda naquela parte
da cidade. - Vamos! - exclamou o outro pm ao volante da viatura. - Atenção todos os carros, veículo em alta-velocidade se dirigindo aos limites da cidade.Vamos
cercá-lo!
A viatura saiu no encalço do caminhão Chevrolet, que fugia em alta-velocidade. Era o caminhão fantasma, Num cerco histórico, o veículo usado para assustar os
bandidos, o apaziguador, o chamado Caveirão, foi posto no meio da rua, para parar o caminhão-fantasma, que para lá
seguia, em alta-velocidade.O caminhão ia a toda.Com a viatura policial em seu encalço. E eis que aconteceu. Ia haver o impacto. -Cuidado!-gritou o pm, mas era tarde
demais.O caminhão fantasma colidiu com o Caveirão, num baque sem precedentes.
- Pode ligar o compactador, Mack! - bradou o
capataz do ferro-velho municipal, com uma prancheta na mão.E o compactador foi
ligado.Logo, o velho Chevrolet, foi compactado sendo reduzido a nada mais do que uma enorme carcaça de metal.
- Bem, parece que está tudo acabado. - disse o capataz para seu colega Mack, enquanto se retiravam do ferro velho, para depois irem embora.Ninguém pôde ver, aquela noite, a carcaça do velho caminhão, acender seus faróis, voltar á vida, se desamassando
sozinho, para em seguida, manobrar para a rua, e voltar em alta-velocidade, até a
garagem da casa abandonada, onde
estacionaria, de volta á seu esconderijo, onde ninguém morava, pronto para voltar a sua vida fantasmagórica.Ia começar tudo de novo..

FIM




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